Introdução
A conscientização sobre as mudanças climáticas e suas implicações têm crescido exponencialmente nos últimos anos. No cenário corporativo, as normas ISO desempenham um papel crucial na estruturação de processos que garantem a qualidade e a sustentabilidade.
Uma questão emergente é: mudanças climáticas devem ser consideradas nas auditorias das normas ISO?
Aprovada em setembro de 2021, a Declaração de Londres (1) para combater as mudanças climáticas por meio de normas, define o compromisso da ISO em atingir a agenda climática até 2050. A ISO se comprometeu para que as Normas Internacionais e publicações acelerem a realização bem-sucedida do Acordo de Paris , dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e do Chamado das Nações Unidas para Ação sobre Adaptação e Resiliência.
Em uma emenda à ISO 9001:2015, publicada em 23 de fevereiro de 2024, a ISO e a IAF consideraram que as mudanças climáticas são um fator externo importante o suficiente para que as organizações as considerem em seu sistema de gestão.
No guia “ISO 9001 Auditing Practices Group Guidance on: Auditing Climate Change Issues in ISO 9001” (2), edição 1 de 19/03/2024, foram estabelecidas as questões que os auditores devem verificar sobre como as organizações consideram as questões climáticas em seu sistema de gestão.
(1) https://www.iso.org/ClimateAction/LondonDeclaration.html
A Relevância das Normas ISO nas Mudanças Climáticas
As normas ISO, especialmente a ISO 9001, são amplamente reconhecidas por estabelecerem padrões de qualidade que ajudam as empresas a manterem a consistência e a eficiência. A inclusão de aspectos relacionados às mudanças climáticas nessas normas reflete que a mudança climática não pode ser associada somente ao meio ambiente, mas a toda organização que precisa buscar práticas empresariais mais sustentáveis, se preparando para futuros desafios regulatórios e de mercado.
As questões relacionadas às mudanças climáticas são uma das muitas questões que as organizações devem considerar ao analisar seu contexto interno e externo e determinar os requisitos dos clientes e outras partes interessadas relevantes.
Esta integração não significa uma revisão completa do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), mas sim a adaptação de processos existentes para incluir preocupações com o aquecimento global. Algumas organizações já abordam questões relacionadas às mudanças climáticas, enquanto outras as estão considerando pela primeira vez. Alguns exemplos:
- Na avaliação do contexto organizacional, uma organização deve avaliar as tendências do mercado em relação a sustentabilidade de produtos e serviços, requisitos para migrar para produtos e serviços neutros em carbono, a restrição ao uso de determinados materiais, ciclo de vida do produto, enfim, itens que anteriormente eram restritos a gestão ambiental, mas que agora devem ser considerados no SGQ.
- Devem ser avaliadas questões estatutárias e regulamentares, assim como requisitos de clientes, que buscam por produtos com uma menor emissão;
- Devem ser avaliados os riscos que possam afetar a infraestrutura: falta de matéria prima ou enchentes devidas a mudanças climáticas, assim como as oportunidades em novos produtos;
- Se nos planejamentos de mudança esses riscos são considerados;
- Se as questões climáticas são consideradas no desenvolvimento dos produtos e serviços;
- Se os fornecedores são qualificados com requisitos relacionados a mudança climática.
Ressaltando que cabe à organização determinar, SE e COMO, as questões de mudanças climáticas impactam o SGQ e seus resultados pretendidos.
Auditoria ISO 9001 e a Integração de Questões Climáticas
O documento da ISO 9001 Auditing Practices Group Guidance orienta os auditores sobre como avaliar a integração das questões climáticas na auditoria de sistemas de gestão da qualidade.
Os auditores terão que avaliar como a organização demonstra que determinou se as mudanças climáticas são, ou não, uma questão relevante no contexto do SGQ e seus resultados pretendidos. Os auditores devem estar cientes de que as implicações das questões climáticas e os requisitos legais, de clientes e de outras partes interessadas podem variar.
Na prática, os auditores precisam realizar a auditoria nos processos relacionados ao contexto, questões e requisitos relevantes como de costume, mas avaliando especificamente como as questões climáticas foram consideradas.
Os auditores devem buscar evidências de que a organização considerou e está abordando essas questões no escopo do SGQ. Também devem avaliar se a organização identificou requisitos de clientes, contratuais ou regulamentares relevantes para mudanças climáticas e se estão sendo atendidos. Além disso, é crucial verificar quaisquer alegações de produtos e serviços relacionadas às mudanças climáticas, garantindo que a organização possa cumpri-las, evitando riscos à integridade do sistema de gestão.
Conclusão
A consideração das mudanças climáticas nas normas ISO é um passo necessário e estratégico para promover práticas empresariais mais sustentáveis e responsáveis. Integrar esses aspectos no SGQ e nas auditorias ISO, ajudará as empresas a se prepararem para os desafios futuros e a contribuir para um planeta mais sustentável. Empresas de consultoria em gestão, como a SMS Soluções, estão bem-posicionadas para liderar essa mudança, oferecendo serviços que alinham qualidade e sustentabilidade de maneira eficaz.
Contribuição do nosso sócio, Fabricio Hernandes
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